Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 43 | número 3 | dezembro 2013

Como as famílias brasileiras avaliam a satisfação com seus rendimentos?

Marcelo de Sales Pessoa, Marcos Antônio Coutinho da Silveira

Resumo


O trabalho investiga os determinantes demográficos, econômicos e sociais do grau de satisfação das famílias brasileiras com seus rendimentos. Um modelo logit ordenado é estimado para explicar o desempenho de um indicador subjetivo de suficiência da renda construído com base no questionário da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 sobre Avaliação das Condições de Vida. Apesar do expressivo efeito marginal da renda corrente e do consumo sobre o indicador, o reduzido poder de explicação conjunto dessas variáveis é consistente com a bem documentada evidência empírica de que existe um descasamento entre indicadores objetivos e subjetivos de qualidade de vida, pelo menos no que tange aos domínios materiais da existência humana. Esse resultado pode ser explicado, pelo menos em parte, por diferenças de expectativas e de percepção de renda relativa no universo das famílias brasileiras. A inclusão de um exaustivo número de variáveis explicativas no modelo melhora sensivelmente seu poder de explicação, embora numa extensão ainda insuficiente para produzir um ajustamento satisfatório aos dados. Isso sugere a existência de algum tipo de heterogeneidade não observada que explica uma proporção considerável da variação do grau de satisfação das famílias brasileiras com suas rendas. Outro resultado importante do trabalho é que o efeito marginal de choques permanentes na renda corrente sobre o indicador de suficiência da renda é mais forte que o efeito de choques transitórios na renda corrente.

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