Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 48 | número 2 | agosto 2018

Estímulos fiscais e a interação entre as políticas monetária e fiscal no Brasil

Julio Cesar de Mello Barros, Elcyon Caiado Rocha Lima

Resumo


Este trabalho estima o impacto dinâmico de um estímulo fiscal sobre variáveis macroeconômicas brasileiras entre 1999 e 2017. Utiliza o modelo DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium), com mudança markoviana de regimes nas políticas monetária e fiscal, desenvolvido por Davig e Leeper (2011). No modelo, as expectativas dos agentes econômicos são afetadas endogenamente pela existência – e probabilidade de alternância – de regimes nas políticas fiscal e monetária; há rigidez de preços e concorrência monopolística. As probabilidades de ocorrência dos regimes e os parâmetros das regras das políticas monetária e fiscal brasileiras, utilizados na calibragem do modelo DSGE adotado, foram estimados por meio de um modelo vetorial autorregressivo estrutural com mudança markoviana de regimes (MS-SBVAR). No período considerado, é bastante robusta a evidência de que a política monetária foi sempre ativa, com alteração no seu grau de atividade. Há uma evidência mais fraca de que a política fiscal foi sempre passiva. Há uma destacada alteração, nos diferentes regimes, no grau de resposta de ambas as políticas ao hiato do produto. Um choque não antecipado nos gastos do governo tem um multiplicador menor do que 1 e provoca, nas combinações dos dois regimes identificados nas políticas monetária e fiscal: um aumento no hiato do produto, dos juros reais; uma redução do consumo privado e da taxa de inflação; e um aumento da dívida e dos impostos. Os resultados sobre a resposta da taxa de inflação são fortemente dependentes da resposta da política monetária ao hiato do produto. Em um dos regimes da política monetária há forte incerteza sobre esta resposta ao hiato, não se podendo recusar que ela seja zero. Nas combinações de regimes em que se impõe que ela seja zero, há uma resposta positiva da taxa de inflação à inovação fiscal positiva nos gastos do governo.

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