A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, associado a inúmeros fatores econômicos, educacionais e comportamentais. Estudos no Brasil e em outros países apresentam a forte associação entre a idade em que a mulher tem seu primeiro filho e indicadores sociais e econômicos relativos aos seus resultados futuros. Nessa linha, este artigo analisa o impacto da presença de filho sobre os resultados econômicos e sociais de curto prazo das adolescentes brasileiras. Para tratar do problema de endogeneidade presente na relação entre filhos e resultados socioeconômicos, propõe-se o uso da ocorrência de natimortos para a construção do “contrafactual” de interesse. Há evidências de impactos negativos significativos desse evento sobre o desenvolvimento educacional da adolescente. Estima-se uma redução em 18,8 pontos percentuais (p.p.) da probabilidade de frequentar a escola e em 10 p.p. da probabilidade de a adolescente possuir pelo menos o ensino fundamental completo. Ademais, revela-se que a presença de filho reduz em 13,7 p.p as chances de a jovem participar do mercado de trabalho.