Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 29 | número 3 | dezembro 1999

A renegociação da dívida brasileira de 1994: uma cura para a dívida pendente?

Maria Cristina Trindade Terra

Resumo


Há um argumento na literatura que diz que recompras de dívida soberana via operações de mercado aberto não são benéficas para o país devedor, mesmo podendo aliviar a dívida pendente. Este artigo mostra que recompras de dívida podem, na verdade, levar a uma piora do problema de dívida pendente. Isso é possível quando o retorno real do investimento no país devedor é suficientemente alto, de modo que os recursos usados para financiar a recompra tenham um alto custo de oportunidade, e a redução da dívida seja pequena comparada com o volume de recursos alocado
para a recompra. Em 1994, o governo brasileiro reestruturou seu pacote de financiamento da dívida
externa, como parte da iniciativa do Plano Brady. Esse plano foi uma tentativa de que países severamente endividados alcançassem uma redução de dívida por um preço mais baixo do que aquele que seria conseguido com recompras no mercado secundário, retendo, portanto, alguns dos (possíveis) ganhos de eficiência. Com o uso de recompras de mercado aberto como ponto de referência, os limites para possíveis ganhos com o acordo são calculados e é feita uma avaliação
quanto àpossibilidade de o acordo ajudar a aliviar o problema de díida pendente.

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