Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 51 | número 3 | dezembro 2021

Migração intermunicipal no nordeste brasileiro: há evidências de seleção migratória?

Luís Abel da Silva Filho, Guilherme Mendes Resende

Resumo


Investigações acerca da dinâmica migratória do fator de produção trabalho são relevantes em estudos econômicos. Na literatura nacional e internacional, há fortes evidências de que existem diferenciais de rendimentos entre migrantes e não migrantes, dadas, em sua maioria, por características não observáveis. Nesse sentido, este artigo tem o objetivo de analisar se os migrantes intermunicipais nordestinos são positivamente selecionados e se há diferenciais de rendimentos em favor deles. Recorreu-se aos dados dos Censos Demográficos do Brasil nos anos de 2000 e de 2010. O método utilizado foi um modelo proposto por Heckman (1979) em dois estágios, com correção de viés de seleção amostral. Os resultados mostram que há maior probabilidade de migração para homens e entre pessoas de raça/cor branca; aumenta a probabilidade de migração com a mudança de faixa de escolaridade; a probabilidade de migração se reduz para os casados e chefes de domicílio. No que se refere aos diferenciais de rendimentos, ser do sexo masculino, de raça/cor branca ou mudar de faixas de escolaridade conferem rendimentos superiores em relação aos seus comparativos. Em comparação aos migrantes intermunicipais do Maranhão, os migrantes intermunicipais dos demais estados da região Nordeste (com exceção do Piauí) auferem rendimentos superiores. No que se refere à decomposição, as características não observáveis e o componente de seletividade que afetam a decisão de migração também se mostram favoráveis aos diferenciais de rendimentos do trabalho, em favor dos migrantes, em ambos os anos da análise, mas o mesmo não ocorre com as características observáveis.

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