Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 27 | número 2 | agosto 1997

Produtividade na indústria brasileira: questões metodológicas e novas evidências empíricas

Claudio Salm, João Saboia, Paulo Gonzaga M. de Carvalho

Resumo


O objetivo deste trabalho é analisar a evolução recente da produtividade na indústria de transformação brasileira. Este tema tem suscitado controvérsias, que têm crescentemente enfatizado as limitações dos índices existentes no país.
A análise metodológica da principal fonte de dados - a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE- aponta para possíves vieses, tanto no sentido de superestimação quanto de subestimação da produtividade, não se chegando a uma conclusão definitiva sobre o sinal do viés. E reconhecido o grande crescimento da produtividade na recente recessão do início dos anos 90, sendo traçado um paralelo com movimento similar ocorrido na recessão do início dos anos 80. A principal mudança destacada. no texto refere-se ao período iniciado em 1993, quando o crescimento da produção não foi acompanhado pela recuperação do nível de emprego industrial, resultando em excepcional crescimento da produtividade. Este tipo de comportamento é único na experiência da indústria brasileira dos últimos 25 anos.
Mais adiante são apresentadas as evidências do que poderia ser uma das razões para o crescimento recente da produtividade a utilização de novas técnicas e métodos de gestão da produção. O novo contexto econômico dos anos 90, delineado pela abertura da economia e, em menor medida, pela recessão de 1990/92, levou as empresas a promoverem uma reestruturação produtiva, com ênfase nas mudanças organizacionais. A comparação dos dados de produtividade com resultados de uma pesquisa nacional sobre o nível de utilização de um amplo espectro de técnicas e métodos de gestão da produção mostra que, efetivamente, o crescimento da produtividade foi mais intenso nos segmentos que atais avançaram na utilização de tais técnicas e métodos.
O trabalho é concluído apontando-se para o espaço ainda existente em termos de aumento da produtividade da indústria brasileira no futuro próximo. O aspecto negativo é, indiscutivelmente, a queda do emprego industrial, mostrando a necessidade de políticas compensatórias no mercado de trabalho.

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