O texto mostra que se pode derivar uma importante conclusão, para efeito de planejamento econômico, da propriedade de instabilidade global apresentada pelos modelos dinâmicos de Leontief implementados empiricamente. Trata-se do fato de que, devido ao mecanismo da aceleração, alcançar e preservar uma trajetória de crescimento sustentado normalmente requer intervenção estatal para impedir acumulação de capacidade ociosa ao longo do processo. Postulou-se adicionalmente que a intervenção estatal deve assumir duas formas principais: 1) atuando compensatoriamente sobre os próprios ramos produtores de bens de capital e de insumos básicos, afim de evitar que a acumulação de capacidade excedente venha a prejudicar a produção de insumos dinamicamente necessários à reprodução do capital; e 2) monitorando, em um horizonte de planejamento razoavelmente longo, a demanda agregada, de modo a permitir a absorção de bens de capital e a incorporação dos segmentos mais pobres da população à lógica da economia de mercado. Concluiu-se, finalmente, que a segunda forma de atuação será provavelmente mais decisiva no Brasil, devido à péssima distribuição de renda; assim, o problema de recuperar o crescimento econômico atualmente parece depender mais de variáveis endógenas, como decisões associadas à questão distributiva, do que de problemas tecnológicos associados ao fenômeno da globalização.