Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 22 | número 3 | dezembro 1992

Pobreza no Brasil: parâmetros básicos e resultados empíricos

Sonia Rocha

Resumo


Os fatos e evidências sobre pobreza discutidos neste trabalho referem-se às regiões metropolitanas, para as quais a disponibilidade de informações detalhadas sobre preços, em conjunto com dados de pesquisas de orçamentos familiares, possibilitou o estabelecimento de linhas de pobreza específicas por ano e local. Inicialmente, estes parâmetros, comparados com os dados sobre renda da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), são utilizados para diferenciar os pobres dos não-pobres e para obter a proporção de pobres e a razão de insuficiência de renda em cada ano e região. Esta dicotomia inicial do ponto de vista da renda, entre as duas subpopulações serve como base para a geração de indicadores de qualidade de vida. Um exercício de análise multivariada baseado num conjunto de indicadores para os pobres propiciou a ordenação das regiões metropolitanas em relação ao denominado índice sintético de pobreza - A comparação das evidências empíricas de 1981 a 1990 torna clara a ausência de progressos significativos em termos da redução da pobreza enquanto insuficiência de renda ao longo da década passada. Uma deterioração do quadro de pobreza foi em parte evitada por mudanças sócio-econômicas ocorridas no período, tais como a queda na taxa de natalidade e o aumento nas taxas de participação na força de trabalho. Apesar das restrições financeiras e operacionais que afligiram o setor publico, as condições de saneamento experimentaram uma nítida melhora, o que constitui boa notícia em meio a um panorama geral pouco animador.

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