Estimação da oferta de trabalho com modelos de racionalidade coletiva: uma aplicação para o Brasil
Maurício Machado Fernandes, Luiz Guilherme Scorzafave,
Resumo
Esse artigo tem como objetivo investigar o comportamento da oferta de trabalho dos cônjuges brasileiros e testar a validade de um modelo específico dentro da classe dos modelos de racionalidade coletiva (collective models). A abordagem oferece uma estrutura para interpretar o processo decisório intrafamiliar e, para tal, utiliza variáveis denominadas fatores distributivos. Estes, quando favoráveis às mulheres, ampliam o poder de barganha das esposas no interior das famílias, reduzindo a oferta de trabalho das mesmas. Os fatores distributivos adotados aqui são a diferença de idade entre marido e esposa e a sex-ratio – definida como a razão entre o total de homens com as mesmas características do marido e o total correspondente de homens e mulheres de uma determinada região. Quanto maior essa diferença de idade, melhores seriam as opções da esposa no mercado de casamento em relação às do seu marido e, portanto, maior o seu poder de barganha. Os resultados apontam que o aumento de um ano na diferença de idade reduz a oferta de trabalho mensal das mulheres em 0,13 hora e amplia a dos homens em 0,089 hora. No caso da sex-ratio, o aumento em 1 ponto percentual amplia em aproximadamente sete horas mensais a jornada média de trabalho dos maridos. Além disso, o comportamento dos cônjuges não refuta o modelo teórico em sua especificação mais geral.
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