Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 32 | número 3 | dezembro 2002

Estratificação educacional e progressão escolar por série no Brasil

Eduardo L. G. Rios-Neto, Cibele Comini César, Juliana de Lucena Ruas Riani

Resumo


Este trabalho trata dos determinantes do desempenho escolar por meio da progressão em duas séries
do ensino fundamental (progressões na 1ª e na 5ª série, uma vez que a 4ª série foi concluída). O
trabalho faz uma decomposição do aumento dos anos médios de estudo para as várias coortes que
entraram na escola entre 1945 e 1985. Essa decomposição foi feita utilizando o conceito de probabilidade
de progressão escolar por série e mostra que as progressões na 1ª e na 5ª série explicam 79%
dos ganhos nos anos de estudo no período.
Essas duas progressões são, por sua vez, as variáveis dependentes na estimação de um modelo de
regressão logística hierárquica. Para tanto, foram utilizados os microdados de 12 Pesquisas Nacionais
por Amostra de Domicílios (PNAD) das décadas de 1980 e 1990. No primeiro nível de hierarquia foram
incluídas as características socioeconômicas das famílias. No segundo, são incluídas variáveis agregadas
do local onde a família mora, como a escolaridade média dos professores. O resultado mais importante
é que a escolaridade da professora afeta positivamente o intercepto da progressão para a 1ª série
e, negativamente, o coeficiente positivo da escolaridade da mãe. Em outras palavras, a escolaridade
das professoras é substituto para a escolaridade das mães, mostrando que melhores professores aumentariam
o nível e reduziriam a desigualdade na distribuição da educação no Brasil. No caso da progressão
na 5ª série o impacto é positivo no intercepto, mas o impacto no coeficiente da escolaridade da
mãe não é estatisticamente significativo.

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