A habilidade ou competência para exercer um dado pacote de tarefas possui estreita relação com o nível educacional dos indivíduos, sua ocupação e consequentemente com a produtividade do trabalho. Nesse sentido, o objetivo do artigo é estimar os determinantes dos diferenciais salariais para trabalhadores brasileiros, com ênfase no efeito das tarefas realizadas e nas respectivas habilidades demandadas dos trabalhadores. A partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) nos anos de 2003 a 2014, foram medidas as intensidades das competências relativas às ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), com base no modelo proposto por Spitz-Oener (2006), adaptado por Guanziroli (2014) para ocupações brasileiras. Para medir o prêmio salarial associado às competências dos trabalhadores no Brasil, as estimações consideraram, separadamente, efeitos fixos dos indivíduos e das firmas. Os resultados obtidos indicam maiores retornos salariais para indivíduos cujas ocupações se caracterizam pela realização de tarefas de cunho analítico e interativo, com destaque para a evolução positiva do prêmio salarial associado a tais competências. Já os prêmios salariais associados às competências rotineiras manuais e cognitivas foram se distanciando dos prêmios das tarefas de cunho analítico e interativo e se tornando cada vez mais semelhantes aos associados ao conjunto de competências não rotineiras manuais.