Este estudo analisa os determinantes do grau de escolaridade de crianças de 14 anos nas regiões urbanas de São Paulo e do Nordeste brasileiro, fazendo uso de dados da PNAD de 1982. A média de escolaridade encontrada foi de 4,75 anos em São Paulo e de 3,25 anos no Nordeste, ambas bem distantes dos sete anos de escolaridade que deveriam ter sido cumpridos pelos que já completaram ou iriam completar 14 anos em 1982. Procurando explicar a vantagem de 1,5 ano da escolaridade das crianças paulistas, observamos diferenças regionais nas características dos pais que são, pelo menos qualitativamente, consistentes com a diferença regional do desempenho das crianças. Tanto a escolaridade como a renda dos pais são bem maiores em São Paulo, e a desigualdade no grau de escolaridade dos pais é mais alta no Nordeste, quando o coeficiente de variação é utilizado. Apesar disso, os resultados de nosso estudo sugerem que, de um ponto de vista quantitativo, apenas uma pequena proporção da diferença de escolaridade entre São Paulo e Nordeste pode ser explicada por disparidades nas características dos pais. Fazendo uso de nossos coeficientes de regressão e das características médias de cada região para efetuar uma previsão do nível de escolaridade das crianças de 14 anos, conseguimos explicar menos de 20% do hiato de 1,5 ano entre Nordeste e São Paulo. Isto sugere que a escolaridade das crianças seria relativamente pouco sensível aos progressos no padrão socioeconômico das famílias per se. Portanto, estes resultados indicam que aumentos diretos na quantidade e qualidade do ensino público oferecido no Nordeste poderiam ser capazes de eliminar boa parte do hiato entre as regiões, mesmo que não haja mudanças substanciais no status socioeconômico do Nordeste.