Pesquisa e Planejamento Econômico, volume 33 | número 2 | agosto 2003

Taxa de juros, risco cambial e risco Brasil

Márcio G. P. Garcia, Tatiana Didier

Resumo


Este artigo faz uma revisão dos argumentos da literatura de finanças e de macroeconomia aberta relevantes para a determinação da taxa de juros em uma economia aberta. Estima-se o risco cambial através do filtro de Kalman. Conclui-se que, além do risco cambial, importante em economias desenvolvidas, o risco Brasil é muito relevante para a determinação das taxas de juros domésticas. Ambos os riscos têm causas comuns. Quer dizer, ao se atacarem tais causas comuns, a redução dos juros domésticos pode ser substancial, pois haverá uma queda simultânea tanto do risco Brasil como do risco cambial. Para a determinação do risco Brasil, identificam-se alguns componentes importantes, dentre eles os resultados esperados das contas fiscais e do saldo em transações correntes do balanço de pagamentos, as condições do mercado financeiro doméstico e as condições do mercado financeiro internacional. O risco de convertibilidade mostrou ter sido um importante determinante do risco Brasil em épocas de crise. Após a desvalorização de 1999, o risco Brasil caiu significativamente até o início de 2001, mas o mesmo não parece ter ocorrido com o risco cambial. Assim, o principal fator de resistência à queda dos juros parece estar ligado à incerteza quanto ao perfil futuro do balanço de pagamentos, sobretudo as contas comerciais. Admitindo-se tal explicação para a resistência à queda do risco cambial, pode-se especular que garantir o crescimento vigoroso das exportações é tarefa fundamental para se obter taxas de juros reais mais baixas, compatíveis com o crescimento econômico sustentado no longo prazo.

Texto Completo: PDF